segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Delicadeza. Candura. Cuidado. Suave. Leve. Doçura. Amoroso. Veloso.

Triscar com zelo. Tocar com graça. Abraçar com as pontas dos dedos.

Eu vi. E me vi mãe. Num choro eu fui todas as mães que até aquele dia não tinha sido. Em meu ventre havia o destino da mulher.

Eu vi. Sou grata à infinda beleza do seu toque amoroso e sou infinda em ser mãe.

Passarinho

"Traga-me um copo d'água, tenho sede
E essa sede pode me matar
Minha garganta pede um pouco d'água
E os meus olhos pedem teu olhar

A planta pede chuva quando quer brotar
O céu logo escurece quando vai chover
Meu coração só pede teu amor
Se não me deres, posso até morrer"






Cara cor
Agem

Cor
Ação

Ber ço
Beco

Ape
Teço

Tarde, margem
Tro
peço

Zelo, imploro,
Obe
deço

Subo, muro,
Trincheira

Caio, raio,
Cordilheira.

Morro, nasço,
Passo.

Amasso, amordaço,
Liberto.

Acerto, aceito,
Abraço.


Abraço.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011


"Você precisa
Saber da piscina
Da margarina
Da Carolina
Da gasolina
Você precisa
Saber de mim
Baby, baby
Eu sei
Que é assim
Baby, baby
Eu sei
Que é assim
Você precisa
Tomar um sorvete
Na lanchonete
Andar com gente
Me ver de perto
Ouvir aquela canção
Do Roberto
Baby, baby
Há quanto tempo
Baby, baby
Há quanto tempo
Você precisa
Aprender inglês
Precisa aprender
O que eu sei
E o que eu
Não sei mais
E o que eu
Não sei mais
Não sei
Comigo
Vai tudo azul
Contigo
Vai tudo em paz
Vivemos
Na melhor cidade
Da América do Sul
Da América do Sul
Você precisa
Você precisa...
Não sei
Leia
Na minha camisa
Baby, baby
I love you
Baby, baby
I love you..."

O Amor deve ser sutil, deve ser de manhãzinha. O Amor deve estar em meus cantos, nos sinais da minha pele e na cicatriz do seu ombro. O Amor deve estar essencialmente na abertura ao aprendizado. O Amor imanta sutilmente os seres amantes e um dia, quase como uma surpresa eles se olham: "Estamos aqui dentro!". O Amor constrói sem jogar fora o que caiu por terra. O Amor sabe o seu gosto de forma tão profunda, que passado uns tempos, ele próprio vira seu gosto.
O meu Amor está em meus cabelos e pelos. Está em meus poros e pele. Está em meu bocejo quando acordo. Está em minha sonolência e em meus despertar. Está atrás dos meus olhos. Está entre as minhas mãos e o mundo.
Mas ele realmente está quando se percebe que ele não está mais.
Ele passa a Ser.
Postergar. Transferir. Adiar.

Esperar. Sentar. Respirar.

Fazer.


E quando a vida de uma pessoa é toda uma postergação? Onde ela vive? No sim ou no não?

E quando a vida de outra pessoa é só esperar? Onde ela vive? No despedir ou no encontrar?

Me parece que na negação há o sim. Que na espera há o encontro. Que no ato há o ócio.

Novo ensaio

Tem vezes que vida estancada, é vida concentrada. Tudo bem, é também parada. Mas não é porque ela está fitada no nada, que ela está vazia, oca.

Catatonia, estado de coma, depressão. Ainda assim, há vida. Estancada, talvez somente condensada muda de tantos não ditos, não abraçados, podados, amputados, castrados. Há vida. E com nossos olhos de superfície, fica um tanto distante de se ver essa Vida.

Na verdade, se não se sente, não se vê.

É tempo de ensaiar a lucidez. Da cegueira, estamos craques.

Dia cheio

Tem dias que a gente se sente como quem chegou e nasceu

A vida brotou de repente ou foi o mundo então que cresceu?

Mas eis que chega a roda-viva e carrega as bobeiras pra lá...


Hoje o dia foi todo preenchido pelo essencial. E o essencial é bom.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Milagre

Viva!

E,

Continuo...


Viva!

E,

Continuo...


...

...

Nesse final de ano, meu caderninho verde acabou. Voltei pro computador. 
O caderninho verde sempre vai estar lá. E se o computador acabar?


Sou da terra. Como de mão, ando com os pés no chão.


Sou Touro de pernas-raízes. Preciso ter nas palmas.





"Quem me acode à cabeça e ao coração
neste fim de ano, entre alegria e dor?
Que sonho, que mistério, que oração?
Amor"



C. Drummond



Não como o último pedaço. Não bebo o último gole. Leio do fim para o começo.

Dezembro é início. Trancar é abrir pra fora. Fechar é recomeçar.


Até.

Ops!


Até...



Vertigem.

É tempo de olhar para dentro.

Lá fora, já é tudo repetição.

Mudam os personagens, continua o enredo.

Aqui dentro vai ser tudo novo.

Olha pra dentro, Vitória...

Posse, eu posso?

Eu não sei. Hoje me perguntei diversas vezes.

Se eu pudesse, seria só meu?

Mas já que eu não posso, faço o quê com a posse?

Latifúndio da dor.

Melhor calar?


( )


Sim. Me calei. Mas o hiato, nos causou dor maior do que qualquer dito.

Shh...

Silêncio. Dor não divide espaço com voz.

Tato.

Sou o que faço e o que assiste. Sou o que constrói, o que destrói e o que assiste passivo o início e o fim. Sou os últimos grãos do que já fui, sou a onda que me derruba do que eu pude ser. Sou o medo de me ver. Sou meu choro diário. Sou o espectador correndo da sua dor. Sou espreita. Sou pressa. Sou tantas vezes, tentativa de ser perfeita. Sou angústia, sou dúvida. Sou calma, vagarosa. Firme, forte. Eu trisco, eu arranho. Eu toco.

Em tudo eu toco. Não precisa encostar. Pra sentir, basta existir. Um vulto. Um calafrio. Beirando a pele na fronteira do que não era e do que passou a ser. Pelos suspensos, eriçados. Ar que respira lá em cima. Depois, insustentável, ele desce...

Em tudo eu toco. Encosto. Beiro.

Em tudo tropeço. Mergulho. Inteiro.