segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

O Amor é só canto. E não é esse belo, que acarinha os sentidos. Eu falo do canto físico. O da sala, o do quarto, o do peito, o do corpo. Existem tempos em que o Amor vira murmúrio, letras miúdas, passos trêmulos. Ele é só isso. Se enche de pouco, transborda pequenez. Grita tão alto que tudo que o ouve, são as paredes e a moriçoca, que por tropeço passou. Lá no cantinho, de cócoras ele se procura e não se acha. Esses dias, de passagem por um desses cantos, eu o vi. Eu o escutei. Ele dizia:
- Onde está vc, Amor?
E o único eco, foi a sua infantil voz. Sem saber que ele era justamente o que procurava, ele gritava mais, e mais, mais... sua voz, antes fraca e trêmula, foi se vestindo de rouquidão. E na sua frente, o medo passou e o escutou, resolveu parar para o observar. Logo depois, sem dar tempo para um novo grito, chega a insegurança, que escuta sua respiração ofegante, e também pára. O cansaço vem vagaroso e também pára. Logo depois vem a mediocridade, que também fica. Por último, pára o egoísmo e observa, calmamente o Amor, já exaurido e constrangido, com tudo o que se acumulou em platéia em sua frente.
Então o Amor, tão cheio de si e tão oco, se assusta com o que vê em sua frente e pergunta:
- Eu procuro o Amor, da minha boca só sai ele e vcs que surgem em minha frente?
E o medo, se achando porta-voz de todos que estavam do seu lado, diz:
-Se vc não procurasse aqui fora, nada vc teria perdido.

Nenhum comentário:

Postar um comentário