quarta-feira, 8 de junho de 2011

Minha casa azul.

Agora à noite sonhei que estava em uma casa. Uma casa velha, caindo aos pedaços, azul. Ela era azul, em tons desbotados "e aquela num tom de azul, azul inexistente, azul que não há, azul que é pura memória de algum lugar". Era um azul tão lindo, e seus tons iam do azul marinho ao quase branco. A tinta, em algumas partes estava descascando. Ela não era minha, e uma pessoa me apresentava à ela, mostrava os cômodos, e alertava "ela está muito velha, pode cair em qualquer momento". A casa era redonda, parecia uma oca, mas era de concreto, tinha sala, quarto. Eu tocava algumas partes e ela estava fofa, era muito frágil. Ela era tão antiga, mas tão infantil...A casa era frágil, eu tinha que andar bem devagar pra ela não cair. Mas eu a amava tanto! Eu estava revisitando a casa, com um saudosismo, mas a pessoa estava me apresentando à ela, como se não soubesse que eu a conhecia. Minha sensação era: "ela não vai cair", mesmo vendo com meus olhos, que ela estava caindo. Era tão velhinha, estava pingando, com mofo, mas eu gostava dela e estava feliz por estar ali dentro. A sua fragilidade me fazia desejar cuidar. Era desejo de tatear com mãos leves, aos pouquinhos, devagar, com voz baixa e olhar sereno. Só assim, ela não cairia. Cuidar da casa. Eu a amava por ser frágil, por demandar de mim passos brandos e uma delicadeza que trisca as coisas. A minha casa me ensina a ser suave. E me ensina a ter força para reconstruir, carregar tijolos, galões de tinta, se preparar para a chuva. Me ensina a ser fortemente delicada.



De que casa estava falando?
O que o consciente omite, o inconsciente grita.

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