terça-feira, 2 de novembro de 2010

Do muito de cada coisa ( I )

Hoje eu fui a tarde toda. Eu não fui eu.
Eu fui o cheiro de rua que o vento trouxe, fui o som dos passos, fui o som do ventilador, fui o silêncio. Fui a luz que clareava todo o quarto, a penumbra e a sua ausência. Eu não fui eu nessa tarde. Eu fui toda a tarde com cada coisa que existia nela, e ás vezes fui eu. Fui o som de cada canto de cada pássaro, fui aquela folha que caiu, fui o som do carro que passou e fui inclusive... eu. Fui o som dos talheres que batiam um no outro, fui as vozes que nasciam e morriam, e fui também mais uma coisa: eu.
Naquela tarde fui também eu.
Mas antes disso eu fui cada som que a tarde trouxe pra mim, e com cada um dele a sua própria Vida. E no final dela, bem agora, eu fui a vontade de ver no escuro. Eu não queria ligar a luz... fazer isso era como se estivesse invadindo o espaço do escuro e desrespeitando a ida do Sol.
Eu nao quis teimar. Fiquei com meus sons escuros.

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