sexta-feira, 22 de outubro de 2010

O não-dito

Não era sábado, nem domingo, tão pouco sexta-feira de lua cheia. Mas ela estava com vontade de sair, ser feliz com outros, beber sorrisos. A vontade era tanta, que esperar sair de casa já foi uma celebração. Vestiu o vestido mais colorido que tinha, pintou as unhas, esolheu o melhor cheiro. Não se olhou, no espelho não caberia ela.
Abriu a porta, o viu. Se encheu de Amor. O abraço de sempre. Nenhuma palavra e se alguma fosse dita, tudo aquilo ia ficar preso nela, como colocar o Amor numa jaula. Então, ficou quieta. Mas só por fora.
Lá dentro só ela sabia o tanto de coisa que borbulhava, feito água quente na panela. E aquilo era tão grande dentro dela, que tinha a certeza de ele estava percebendo.  Aquilo tudo era tão forte dentro dela, que ela tinha certeza de que não precisava fazer nada para alguma coisa acontecer. Ela sentia que todo o universo sabia do que pulsava lá dentro, então esperou que ele agisse.
Esperou.
E a noite foi embora como quem se despede só com o olhar e um leve movimento com a cabeça. Os dois sabiam. Ficaram com o não-dito.

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