segunda-feira, 18 de abril de 2011

Peito leve

Helena carregava o universo em seu peito, em uma pedra-pingente que sua mãe lhe presenteou. E sabendo disso, eu lhe perguntei se carregar uma coisa tão grande, era pesado. Ela me disse, que quando se carrega "aqui dentro" o universo passa a ter o peso do nosso próprio corpo, se confunde com nossos átomos-matéria-alma, e pesar fica muito difícil. Eu entendi o que ela me disse, mas uma parte minha não aceitou aquela resposta. Como que uma coisa-sem-fim, cheia de Nebulosas, inícios e fins, estrelas, planetas, buracos negros, não-matérias poderiam caber nela, menina Helena? Tão pequena, tão menina. Então ela me disse que nunca tinha estudado, nunca tinha visto um número, nem uma balança, por isso não sabia o que era distância, nem peso.
Por não conhecer o limite dos pesos e das distâncias, Helena simplesmente carregava. Sem saber como e nem porquê, ela simplesmente achava bonito aquele céu pendurado em seu peito.

Eu quase a desviei do seu caminho, lhe enchendo de perguntas e hesitações. Mas, por não entender tantas palavras novas, ela continuou caminhando, com seu universo no peito, sem peso e sem distância e estranhando todos os olhares assustados de quem lhe vê.
E eu voltei. Mas antes de ir, ela segurou meu braço e me perguntou feliz, só por me oferecer: "Quer um pedaço do meu céu?"



(Sobre minha amiga, que tem o coração de céu)

3 comentários:

  1. Vitoria!!!! Adorei!!!!! Adoro a forma que vc escreve, tem um quê de criança descobrindo o mundo! E é mesmo? vc viu em mim essa Helena de peito imenso e leve???
    Vi, aproveitei o embalo da inspiração e postei o nosso escrito, olha lá... http://mulherdepalavras.wordpress.com/2011/04/27/fragmentos/

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  2. vc é sim, Wig, isso pra mim! e eu sorrio quando falo isso!

    thaaamara! um cheiro, visse?

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