sábado, 19 de março de 2011

Chegou.

"E se um dia ou uma noite um demônio se esgueirasse em tua mais solitária solidão e te dissesse: "Esta vida, assim como tu vives agora e como a viveste, terás de vivê-la ainda uma vez e ainda inúmeras vezes: e não haverá nela nada de novo, cada dor e cada prazer e cada pensamento e suspiro e tudo o que há de indivisivelmente pequeno e de grande em tua vida há de te retornar, e tudo na mesma ordem e sequência - e do mesmo modo esta aranha e este luar entre as árvores, e do mesmo modo este instante e eu próprio. A eterna ampulheta da existência será sempre virada outra vez - e tu com ela, poeirinha da poeira!". Não te lançarias ao chão e rangerias os dentes e amaldiçoarias o demônio que te falasses assim? Ou viveste alguma vez um instante descomunal, em que lhe responderías: "Tu és um deus e nunca ouvi nada mais divino!" Se esse pensamento adquirisse poder sobre ti, assim como tu és, ele te transformaria e talvez te triturasse: a pergunta diante de tudo e de cada coisa: "Quero isto ainda uma vez e inúmeras vezes?" pesaria como o mais pesado dos pesos sobre o teu agir! Ou, então, como terias de ficar de bem contigo e mesmo com a vida, para não desejar nada mais do que essa última, eterna confirmação e chancela?"

F.N., em A Gaia Ciência




Faz um longo tempo que tento lembrar em qual livro de Nietzsche, ele fala sobre o Eterno Retorno. Desde a primeira fez que me deparei com essa idéia, ela não sai de minha cabeça. Procurava em meus livros e não achava. E ontem, depois de ter vivido mais um retorno... hoje eu encontrei. O que realmente importa, chega na hora certa. Nem um pôr-do-sol antes, nem três horas depois, com nenhum sorriso perdido, com nenhum adeus não dado. Tudo chega na hora certa quando se deseja profundamente. A consciência pode até pelejar contra o tempo, as veias podem saltar da pele, mas existe uma Pleni-consciência atemporal que me traz A Hora Certa.



http://www.youtube.com/watch?v=4sXGzFuoF8g&feature=related

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