quarta-feira, 2 de março de 2011

Qanto mais alto, menor fica.

Existe um tempo, que as palavras são vazias. Na verdade, são cheias de ausência de significado. São vasos sem flores. Eu coleciono momentos de palavras vazias. Elas ficam voando no ar, caem no chão, são chutadas, as letras se embaralham. A dor está em todas as três portas, o grito é mais alto em uma delas. Pai, mãe, filho, às vezes formam uma só palavra de letras embaralhadas. Nos corredores, o vício anda só.
Eu seguro a palavra com as duas mãos e entrego ao outro, ele olha e me entrega a sua interrogação.
Qual língua falamos?
Ontem eu engoli o Amor, mas não digeri bem... ele não passou do meu esôfago. Mas ontem, também ontem, eu engoli o choro e ele desceu todo, e em meu corpo o intestino dissolveu. Não sei se ele ainda está em minha carne ou se já virou outro tipo de matéria.
Hoje eu catei em meu quarto as palavras que usei ontem. Eu pisei em algumas, outras cairam atrás da minha cama e uma outra, eu joguei pela janela. Hoje pela manhã fiz um montinho delas aqui bem no centro do meu quarto. Aqui estão elas:

              família     choro        raiva

vontade      irmão                       saudade
força                                  fé                 unidade

cuidado

até quando                                    ?

passou        anos            sentir

                                                      Rompeu.


Agora seguro todas elas em minha mãos. Mas elas escorrem como água...
E só uma coisa me deixa feliz: poder olhar o medo, daqui de cima. E daqui, ele é bem pequeno. É um ponto vemelho.

Nenhum comentário:

Postar um comentário