sábado, 26 de março de 2011

vestida de universo

naquela mesa: destreza. o seu corpo se derramou. era jacarandá, mas ela não sabia mais o que era madeira e o que era pele. a textura da mesa foi como gelo para a sua pele, que era morna. e ela se confundiu com aquele objeto, quando se viu esparramada nele. e deixando o seu corpo escorrer dele... e... e... não existia mais nada para ser dito, além de tudo o que pulsava e gritava pelos poros. ela tinha certeza de que a sua pele não só a cobria, como também a expunha. e ela se desabotoou por dentro, botão por botão. desabotoou-se e ao fazer isso, as linhas de disolveram com o suor. elas eram muito finas e qualquer desejo as rompiam. elas se desfizeram em suas mãos... e a menina se assutou, seu ar se suspendeu. ela se viu vestida de universo e só de universo. mas depois, sem esforço ela percebeu o quanto é bom se desfazer aos poucos, com suas próprias mãos e o olhar do outro. ele olhou seu cheiro.

era jacarandá. ela gosta do verbo que fecha a palavra.

dar nome é bom, parece que assim ela sente mais o que sente. dar nome limita, mas também clareia.
ela queria um nome, era jacarandá.

Nenhum comentário:

Postar um comentário