sábado, 26 de março de 2011

permissão ao meio-termo

o único meio termo que eu gosto é a meia-luz. ela tem uma cor só dela, amarelada, que em fotos deixa a pele bem bonita. a meia-luz toca nas coisas, chega devagarzinho e por si só já é uma companhia. ela trisca os objetos, quase que enconstando, se debruçando preguiçosa. é tímida-atrevida: mostra pela metade. é essa a graça dela.
eu estava quase dormindo, levantei para escrever sobre ela. as palavras não podiam esperar. ela também não.
meia-luz tem voz, também: ela fala manso e o seu ritmo é vagaroso e intenso. ela respeita o escuro, eles se entendem, por isso eu gosto dela. ela é mais feminina quando é mais clara e masculina quando é mais escura.
eu agora tô dando pra personificar as coisas, objetar cheiros, colorir movimentos. eu tenho uma séria tendência à sinestesia e eu gosto disso. esses dias passei minutos com um amigo descrevendo o cheiro do eperfume dele e no final, deu uma fotografia: o cheiro é acolhedor e dá vontade de abraçar, é amadeirado, a cor dele é marrom-médio, ele é morno, é uma casa de madeira com a luz do sol no final da tarde deixando a madeira mais dourada, em volta da casa tem árvores baixinhas e alguns eucaliptos, na mesa um café foi derramado.

quanto à luz... eu tenho astigmatismo e isso que deu início ao meu apreço por ela.
além da sinestesia, uma vez eu experimentei a cinestesia: eu acordei(devo ter acabado de sair do sono REM) e não sabia onde estava meu braço esquerdo. quando voltei ao estado de vigília, isso passou.

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